quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Ex-secretário esqueceu Polícia Civil, diz presidente da Associação dos Delegados

Para Marilda Pansonato, Antônio Ferreira Pinto priorizou investimentos na Polícia Militar
Publicado em 22/11/2012 às 01h30
Fernando Mellis e Vanessa Beltrão, do R7, com Agência Record
Nilton Fukuda/EstadãoConteúdoAntônio Ferreira Pinto deixou o cargo em meio a crise na segurança de SP
A presidente da Adpesp (Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), Marilda Aparecida Pansonato Pinheiro, falou em entrevista ao R7 sobre a mudança no comando da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Para a delegada, o ex-secretário Antônio Ferreira Pinto, fez uma gestão voltada à Polícia Militar.
— Houve um grande equívoco por parte do ex-secretário quando ele deixou de dar a devida atenção para a Polícia Civil. Nós fomos totalmente esquecidos, deixados à margem na forma de gestão da Segurança Pública. Havia, sim, uma predileção pela Polícia Militar.
Ainda de acordo com Marilda, no tempo em que ficou à frente da SSP, Ferreira Pinto atrapalhou o poder de investigação dos policiais civis paulistas ao tirar algumas atribuições que são específicas da categoria.
— As atribuições da Polícia Civil, a exemplo das interceptações telefônicas do crime organizado, saíram do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) para ir para a Rota, o que comprometeu o estímulo de investigação da Polícia Civil.
Por outro lado, o delegado-geral da polícia paulista, Marcos Carneiro, elogiou o trabalho do ex-secretário e tratou como normal a alteração na titularidade da pasta.
— Na estrutura do Estado, as mudanças de comando são ações rotineiras. Essa alternância é algo que o funcionário público já está preparado para isso. Cargos de confiança têm essa sugestão de mudança mais rápida. Ele [Ferreira Pinto] fez um excelente trabalho e sempre foi devotado para as coisas públicas. Estou no cargo, graças à confiança dele.
Na opinião da delegada Marilda Pansonato, a onda de violência que São Paulo vive nos últimos meses pode ter relação com a falta de investimentos nos trabalhos de inteligência. Ela espera que o novo secretário, o ex-procurador-geral de Justiça de São Paulo, Fernando Grella Vieira, traga invista mais em ações estratégicas.
— A violência não pode ser resolvida com mais violência. Ela tem que ser resolvida com inteligência, com ações articuladas, de força-tarefa. O que nós [policiais civis] esperamos é que o secretário traga uma nova perspectiva. Devolva-nos a nossa autoestima, as nossas atribuições que nos foram tiradas. E a paz para a sociedade que não merece estar passando por uma situação como essa.
Antônio Ferreira Pinto entregou o cargo no fim da tarde desta quarta-feira (21). Em seguida, ele foi até a Assembleia Legislativa de São Paulo, na região do Ibirapuera, e conversou com o deputado estadual e ex-major da PM, Olímpio Gomes. Segundo a assessoria do político, ele foi agradecer o apoio recebido durante a passagem pelo comando da segurança pública paulista.